quarta-feira, 2 de setembro de 2015

O apagão que reacendeu velhos hábitos

Por : Roberto Celestino

Vivemos numa era em que os aparelhos eletrônicos como os tablets, smartphones e outros do gênero, passaram a ser um membro integrante do corpo humano, pois estes não podem mais serem dissociados de seus usuários, pois, se vamos ao banheiro o levamos junto, à cama, ele vai conosco, à igreja, certamente lá estará, ou seja, em qualquer lugar e a qualquer tempo ele estará grudado a nós.
Há quem prefira amputar um braço que seu smartphone, pois, este membro agregado parece ter importância superior a todos os outros. Toda a atenção é dada pra ele. Aliás, ele tornou-se o membro mais importante da família também, e, tomou até o lugar do melhor amigo.
Observem um recreio escolar, pessoas em um ponto de ônibus, a sua sala de estar, ninguém conversa, ninguém brinca, ninguém olha para o outro. Toda atenção é dada para ele, o bendito aparelho.
Na semana passada tive a oportunidade de voltar no tempo, houve um apagão de mais ou menos quatro horas em nossa cidade, e, nesse período de tempo percebi coisas estranhas acontecendo.
Ouvi um barulho na rua em que moro e, curioso saí para ver do que se tratava. Fiquei pasmo. Havia vizinhos conversando em frente às casas, pessoas davam risadas, tinha crianças na minha rua e elas gritavam uma para as outras.
No outro dia, ouvi pessoas relatarem que até leram algo para passar o tempo, imaginem, pessoas lendo à pouca luz.
No interior das casas, as pessoas começaram a interagir, crianças brincavam com a luz das velas, faziam formas com sombra, saíram para olharem a rua também.
A dona de casa tratou de preparar a janta mais cedo, e acreditem, juro que não é mentira, os membros da família jantaram todos à mesa.
E algo mais espantoso ainda aconteceu. Depois da janta, todos na sala em volta de uma luz fosca de um toco de vela, filhos escutavam atentos seus pais conversarem.
Por algumas horas, a cidade reviveu na escuridão, logo após o restabelecimento da energia elétrica, os zumbis acordaram. As pessoas entraram para suas casas, as portas se fecharam, as brincadeiras perderam a graça, a conversa acabou, e a luz trouxe a escuridão para os relacionamentos.

Mas, ainda há uma esperança, quem sabe em breve teremos outro apagão que nos reviva.

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