domingo, 9 de agosto de 2015

Pernambucano faz história na luta olímpica


Jonas Jatobá é o primeiro atleta do Estado a disputar um Mundial da modalidade
Alexandre Arditti
Publicado em 
Jonas Jatobá entrará em ação na categoria júnior estilo livre até 96kg
Jonas Jatobá entrará em ação na categoria júnior estilo livre até 96kg
Divulgação
Daqui a menos de 72 horas, Jonas Jatobá Silva terá escrito o seu nome na história como o primeiro pernambucano a disputar um Mundial de Luta Olímpica, modalidade que faz parte do programa das Olimpíadas de forma consecutiva desde a primeira edição da Era Moderna, em 1896. Atual bicampeão nacional, o atleta de 20 anos será o representante do Brasil na categoria júnior estilo livre até 96kg. O torneio acontece de quarta-feira (12) a domingo, em Salvador, e vai reunir cerca de 600 lutadores de 104 países.
Jonas chega ao Mundial com ares de “fora de série”. Isso porque, conquistou o direito de competir entre os melhores lutadores do mundo da idade (de 18 a 20 anos) apesar de treinar wrestiling (como a luta olímpica é chamada fora do Brasil) há apenas dois anos. Em seu favor, pesou o fato de as artes marciais estarem no DNA. Desde 2007, pratica jiu-jítsu com o mestre Gutemberg Melo, um dos mais renomados do País. Na modalidade, acumula vários títulos, inclusive internacionais. Ostenta também no cartel dois nocautes no MMA.
“Sou de família humilde. Se não fosse a luta, não sei como estaria. Certamente, não desfrutaria de tantas coisas boas como agora, conhecendo lugares e pessoas especiais. Sem a arte marcial, talvez eu estivesse fazendo coisas erradas, que não deixariam minha família orgulhosa. O esporte me salvou”, afirmou Jonas, que nasceu em Escada, na Zona da Mata Sul do Estado. “Por isso, faço questão de me doar a cada treino, a cada campeonato. No Mundial, não será diferente”, completou, reconhecendo em seguida que suas chances de medalha são pequenas. É que os brasileiros ainda estão muito abaixo tecnicamente de norte-americanos, russos e cubanos, por exemplo.
Jonas é um dos primeiros frutos da Wefa (sigla em inglês de “Luta e Educação para Todos”), entidade sediada em Garanhuns, no Agreste, que oferece desde 2012 treinamento de luta olímpica para garotos a partir dos 12 anos. “Fui convidado por um atleta de MMA para fazer uns treinos de wrestiling. Eu já tinha ouvido falar, mas não conhecia nada sobre as técnicas. A base que tenho do jiu-jítsu foi decisiva para a minha rápida adaptação”, explicou.
O técnico Elison Dantas, que comanda a Wefa em Pernambuco, é só elogios ao pupilo. “Do ponto de vista técnico, Jonas é muito talentoso. Mas considero como suas principais virtudes a dedicação aos treinos e a obstinação que tem pela vitória. Apesar de só ter 20 anos, ele sabe muito bem o que quer. Ele tem consciência que as artes marciais estão lhe dando uma oportunidade de ter uma futuro melhor e está agarrando isso com unhas e dentes. É um exemplo de atleta e ainda vai evoluir muito”, afirmou.
Jonas não esconde seu sonho de chegar a uma Olimpíada – como o jiu-jítsu não faz parte do programa dos Jogos, o único caminho é o wrestiling. “Desde que iniciei os treinos na luta olímpica, chegar aos Jogos passou a ser um sonho meu e da minha família. Qualquer atleta, independentemente da modalidade, quer ter a chance de representar as cores do seu País em um grande evento. Não sou diferente. Sei que o meu caminho só está começando, mas estou disposto a trilhá-lo para chegar lá. Não vai ser fácil, mas estou pronto para o desafio”, garantiu.

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