terça-feira, 11 de agosto de 2015

'Dia de muita tristeza', diz sertanejo sobre ação que prendeu o pai político


Sílvio Túlio e Elisângela Nascimento
Do G1 GO
Músico se apresentava com estrutura simples Goiás Goiânia (Foto: Divulgação/Matheus Costa)
Músico foi ouvido durante operação do MP
(Foto: Divulgação/Matheus Costa)
Interrogado no Ministério Público de Goiás (MP-GO), o cantor sertanejo Matheus Costa, de 24 anos, negou qualquer ligação com o esquema investigado na ação contra desvio de dinheiro público em órgãos estaduais. Ele disse que respondeu a todas as perguntas feitas sobre os serviços que sua empresa de shows e eventos presta para o governo de Goiás. "Hoje é um dia de muita tristeza para minha casa", disse por meio de nota enviada ao G1 por sua assesoria, na tarde desta terça-feira (11).
O cantor é filho do ex-deputado estadual Tiãozinho Costa (PTdoB), que foi um dos nove presos na Operação Compadrio, deflagrada nesta manhã. O político continua detido e só deve prestar depoimento na tarde de quarta-feira (12).
"Conheço a história e o caráter de meu pai, que sempre foi exigente no quesito honestidade e respeito pelas pessoas. A verdade é que, por tudo que vi e ouvi nessa manhã, chego à conclusão que isso tudo não passa de mais uma perseguição política", acredita.
Matheus afirmou que sua atividade artística nunca teve relação com o trabalho político do pai. "Sou cantor e ocupo meu tempo nessa função. Todas as realizações do meu projeto artístico vêm de muito trabalho, independente das atividades políticas da minha família", afirmou.
Depoimentos
Advogado de Matheus, Rogério Leal informou aoG1 que o cantor deu explicações sobre o caso e foi liberado em seguida. "O Matheus é cantor e tem uma empresa, a Camargo & Camargo, que presta serviços na área de shows e eventos. Mas está tudo regular. Ele só prestou esclarecimento e foi embora", afirmou Leal.

Segundo o advogado, o pai do músico só deve ser ouvido na quarta-feira. O político passou o dia detido na sede do Ministério Público, na capital, e foi encaminhado, por volta das 17h, para o Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana.
O advogado explicou que a empresa de paisagismo da qual o ex-deputado Tiãozinho Costa é dono também presta serviços para o governo, mas que o contrato não tem irregularidades.
Ainda conforme o defensor, a mãe de Matheus, Cleidiane Freire, também foi conduzida ao MP-GO, prestrou depoimento e foi liberada nesta tarde. Ele afirma que ela teve de se explicar em relação ao contrato de trabalho que tinha quando era servidora comissionada da Casa Civil, órgão onde, segundo o defensor, ela não atua mais.
Documentos apreendidos na Operação Compadrio, deflagrada em Goiânia, Goiás (Foto: Divulgação/ MP-GO)
Documentos apreendidos na Operação Compadrio
(Foto: Divulgação/ MP-GO)
Agetop
Deflagrada na manhã desta terça-feira, a Operação Compadrio conta com o apoio de 36 promotores de Justiça e cerca de 150 policiais militares. Segundo o MP-GO, em Goiânia, foram cumpridas duas prisões preventivas, três temporárias e oito conduções coercitivas. O diretor de Obras Rodoviárias da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), José Marcos de Freitas Musse, também está entre os detidos.

O presidente da Agetop, Jayme Rincón, está viajando, mas disse, em entrevista à Rádio CBN Goiânia, que está “tranquilo em relação a todos os atos de toda a diretoria da Agetop”. “Nossos procedimentos sempre estiveram à disposição da Justiça e dos órgãos de controle, todos os processos foram e são sempre fiscalizados e não tenho nenhuma dúvida em relação à lisura desses procedimentos”, afirmou.
Segundo Rincón, ele foi informado pelo advogado de Musse, Ovídeo Martins, que a origem da investigação é relacionada ao ex-deputado. A empresa do político teria prestado um serviço a uma empresa contratada pela Agetop para a realização de obras na GO-060.
O presidente defende Musse. “Ele é diretor de uma área de grandes investimentos e nunca houve um processo, um questionamento ou processo licitatório que tenha levantado qualquer tipo de suspeita. São situações que transcendem a administração da Agetop", disse.
Ministério Público de Goiás, em Goiânia (Foto: Vanessa Martins/ G1)
Presos na operação são interrogados no MP-GO
(Foto: Vanessa Martins/ G1)
Mandados
Promotores e policiais cumpriram um mandado de prisão temporária e um de condução coercitiva em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. Já em Araçu, no noroeste goiano, houve uma prisão temporária e duas conduções coercitivas. Em Morrinhos, no sul do estado, executaram duas conduções coercitivas.

Houve uma prisão temporária em São Miguel do Araguaia, no norte de Goiás. Em Uruana, na região central do estado goiano, houve uma prisão temporária e sete conduções coercitivas.
O MP-GO não informou quantos dos 37 mandados de busca e apreensão foram cumpridos. Os documentos foram expedidos pela juíza Placidina Pires, da 10ª Vara Criminal da Comarca de Goiânia.
Investigação
De acordo com o MP-GO, a ação consiste no desenrolar de uma investigação iniciada em 2013 para apurar "uma organização criminosa instalada em órgãos públicos". Conforme os promotores, o grupo é suspeito de usar funcionários fantasmas e empresas laranjas para instrumentalizar desvios de dinheiro público.

Os suspeitos também são investigados por favorecimento em licitações públicas, lavagem de dinheiro e retirada fraudulenta de restrições bancárias, cartorárias e no cadastro de proteção ao crédito. Todos os crimes contavam com a colaboração e participação de funcionários públicos.

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