terça-feira, 18 de agosto de 2015

Da balada para o PS: medo da Aids faz pacientes lotarem hospital por remédio que bloqueia infecção



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Sábado, 21h29, o rapaz chega ainda ofegante ao plantão do pronto-socorro do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo. Há exatos 60 minutos, ele tinha participado de um evento em que se expôs ao HIV. Tecnicamente, o jovem fez direitinho a lição de casa: a indicação para o tratamento de profilaxia pós-exposição (PEP) do HIV é de fato mais eficiente quando ministrado até duas horas após o possível contato com o virus da Aids.

Mas o que era para ser um atendimento eventual, para contatos acidentais, está se transformando em rotina. Muita gente está indo direto da balada para o PS. O tal jovem, como muitos, se expõem intencionalmente contando com a medicação. A prática   tem gerado alguns transtornos em centros de referência médica.

No Hospital Emílio Ribas, há dias em que chegam mais de 30 pacientes nestas circunstâncias. E o pronto socorro, onde são atendidos pacientes gravemente enfermos, lota de atendimentos de PEP, entre uma parada cardiorrespiratória e uma convulsão subentrante.

Segundo Ralcyon Teixeira , supervisor do PS do Emílio Ribas, até maio, quando foram levantados os últimos dados, o pronto-socorro realizou 1.400 atendimentos do gênero. A solução imediata, segundo os profissionais de saúde, seria descentralizar efetivamente o atendimento dos pacientes de PEP.

— Essa é uma das nossas brigas. Um atendimento completo desse, leva, em média, umas 3 horas, entre colher o exame (o teste rápido de HIV), receber o resultado e medicar. E esse paciente é passado na frente dos outros, pois o protocolo indica como emergência.  A gente tenta cumprir a cartilha, mas a urgência, no caso, é bloquear a infecção. Isso poderia ser feito em outros pronto-atendimentos.

Essa foi a promessa do Ministério da Saúde ao reformular o protocolo para a profilaxia pós-exposição (PEP) do HIV unificada no Sistema Único de Saúde (SUS).  A ideia foi integrar os três tipos de PEP existentes: acidente ocupacional, violência sexual e relação sexual consentida. Além disso, o documento também propôs a redução do tempo de acompanhamento do tratamento de seis para três meses.

O protocolo recomenda ainda que os medicamentos utilizados para o tratamento sejam ministrados até 72 horas após a exposição ao vírus. O ideal é que seu uso seja feito nas primeiras duas horas após a exposição ao risco. Ao todo, são 28 dias consecutivos de uso dos quatro medicamentos antirretrovirais previstos no novo protocolo (tenofovir + lamivudina + atazanavir + ritonavir).

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