segunda-feira, 1 de junho de 2015

A Importância do Afeto no Desenvolvimento do Aluno e o Atuar do Profissional de Psicologia na Escola


Toda experiência de aprendizagem se inicia com uma experiência afetiva. É a fome que põe em funcionamento o aparelho pensador. Fome é afeto. O pensamento nasce do afeto, nasce da fome. Não confundir afeto com beijinhos e carinhos. Afeto, do latim "affetare", quer dizer "ir atrás". É o movimento da alma na busca do objeto de sua fome. É o Eros platônico, a fome que faz a alma voar em busca do fruto sonhado.” (Rubens Alves)


A afetividade é a capacidade da pessoa se deixar afetar pelas situações da vida. Diante disso, ver-se a suprema importância da afetividade no desenvolvimento do aluno, mas não apenas no aspecto cognitivo, e sim, de uma forma global, como na formação de atitudes e valores. E na construção dos valores desse sujeito, que está em pleno desenvolvimento, é necessário que a escola, a família e os profissionais que promovem saúde deêm-se as mãos e trabalhem juntos. Neste âmbito, o psicólogo escolar é chamado a desempenhar um importante papel, à partir de sua atuação profissional, ele vem intervir, quando o oposto da afetividade, “a indiferença”, emerge de maneira comprometedora na formação desse aluno, não se detendo só nele, mas para todos que sofrem neste ambiente escolar.
A dificuldade de aprendizagem quase sempre se apresenta associada a outros comprometimentos. Estudos tem revelado que comumente, as crianças com dificuldades escolares manifestam paralelamente prejuízos de origem emocional e comportamental GRAMINHA (1994). O professor precisa sair do lugar que lhe foi imposto, o de transmissor de conhecimento teórico, pois é preciso despertar as emoções e sentimentos de seus alunos, para que surja a motivação de aprender. Muitas vezes, o próprio professor se encontra desmotivado, estressado, falta-lhes um certo equilíbrio no trabalho. Então, o psicólogo que foi chamado para escutar o “aluno-problema”, terá que olhar e escutar também, o professor que trabalha sem motivação. Aqui já começamos desmistificar a idéia de que o psicólogo escolar existe para atender os alunos problemáticos, agressivos, e com dificuldade de aprendizagem. O psicólogo precisa trabalhar a promoção de saúde psíquica para os professores, faxineiros, merendeiras, enfim para todos os sujeitos que formam a instituição escola.
Para Dejours (1993) o trabalho que importa para psicodinâmica do trabalho é conseguir compreender, como os trabalhadores alcançam um certo equilíbrio psíquico, mesmo estando submetidos a condições de trabalhos desestruturados. Toda aprendizagem começa ao nível da emoção, pois as pessoas absorvem aquilo que lhe despertam interesse, e rejeitam o que querem rejeitar. Se tem uma atitude positiva em relação a determinada coisa que vem, tendem a acabá-la, mas, se têm para com ela uma atitude negativa, a tendência é fugir dela.
Por esta razão, ao falar de inteligência, desejo e corporeidade, é preciso considerar os intercâmbios afetivos e cognitivos, na perspectiva do meio em que vive. Portanto, para que haja a efetivação da aprendizagem é importante que algo significativo permeie a relação entre o professor e o aluno. Por esta razão, a afetividade proporciona uma relação mais próxima, de vínculo que está faltando, e ao mesmo tempo, é tido como um tema que tem levantado a opinião de diversos autores. Dentre eles, é importante pontuar o que diz Paulo Freire (1997), ao relatar a emoção do conhecer. Para este teórico, o que se aprende é relativo com o corpo inteiro, ou seja, com as emoções e desejos, por isto que a aprendizagem não é um processo isolado, mas está lado a lado com a cognição e a afetividade.
A abordagem de Paulo Freire também destaca a afetividade no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que a relação cria um vínculo, onde há afetividade, que por sua vez, é benéfico para o aluno, auxiliando inclusive na sua formação e transformação. Quando existe certa rigidez ou insensibilidade no espaço escolar, seja no aluno, seja no professor, é urgente a intervenção da psicologia escolar. “A aprendizagem é um processo que envolve vínculos entre quem ensina e quem aprende” (Alícia Fernandéz)


Drº Diogo Rogério Carlos
Psicólogo Clínico e palestrante

CRP 02/18384

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