domingo, 3 de maio de 2015

Dilma se apóia na internet para ganhar audiência que não teria na TV


Por Fernando Castilho
Marco Maciel, que lia tudo, ensinava que presidente da República não faz discurso, faz pronunciamento. Isso quer dizer que mesmo que não perceba faz História porque fica registrado. É oficial. Mesmo que apenas os servidores, pesquisadores e uma pequena parte da população se interessem por eles.
Do ponto de vista da comunicação a presidente Dilma Rousseff pode ter acertado em não falar pelos meios tradicionais de comunicação em optar pelas redes sociais.

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As empresas de análise e inteligência de mídia poderão nos próximos dias avaliar se o número de menções ao assunto no Twitter, Facebook, Google e Instagram, mas a julgar pelo acesso ao pronunciamento no site do YouTube ela saiu num lucro espetacular.
Porque até as 18h, o primeiro vídeo (salário Mínimo) tinha, minguados 28.721 acessos; o segundo (Terceirização) foi visto por 8.742 e o último (Diálogo) foi acessado por apenas 2.444 internautas.
Em compensação o tema ou as matérias produzidas pelos grandes sites esses vídeos estavam entre os cinco mais vistos (no globo.com entre os mais vistos e no jconline.com.br, entre os mais comentados). Dito de outra forma: podem não ter sido visto no site da Presidencia da Republica, mas geraram audiência sobre o objetivo da informação em todos os grandes portais.
Se o objetivo de Dilma Rousseff foi fugir do panelaço a estratégia do vídeo no YouTube foi perfeita. As pessoas leram muito mais sobre o tema PRONUNCIAMENTO DA PRESIDENTE do que leriam se ele falasse na TV aberta e no rádio. Ainda que potencialmente, o espectro fosse geometricamente muito maior a efetividade da comunicação teria sido bem menor. Porque ao longo do dia a mídia não estaria se referindo ao tema.
Isso não quer dizer que a falta da fala da presidente, do ponto de vista político, não fosse importante ou necessária. Ainda que como nos três vídeos tivesse pouco a dizer. Tanto que as informações se limitaram a reproduzir o que disse sem maiores consequências.
Isso também revela uma nova abordagem sobre aquilo que Marco Maciel alertava “Presidente não faz discurso, faz pronunciamento”. Se um governante não consegue ser ouvido nos canais tradicionais pela oposição ao seu discurso, pode, nos dias de hoje, se valer as novas tecnologias para se comunicar tomando “emprestado” o poder de propagação dos sites dos grandes jornais – que juntos possuem maior potencial de propagação – que os demais veículos para aquela mensagem já não teriam.
Tudo isso só reforça a constatação de que o conteúdo referenciado disponível na Internet foi produzido para ser usado nos jornais impressos. Que as pessoas estão na Internet para, nesse e noutros temas de relevância, ler e saber em tempo real aquilo que os grandes jornais vão tratar nas suas edições no dia seguinte.
Se os agentes de comunicação de Dilma Rousseff estão atuando com essa estratégia de comunicação é um fato interessante. E que a classe política deve prestar atenção.

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