sábado, 18 de abril de 2015

Polícia detalha prisão de quadrilha especializada em fraudar concursos públicos



Investigações mostraram que a quadrilha possuía um braço intelectual e um armado / Foto: Polícia Civil/ Divulgação


Uma quadrilha suspeita de fraudar concursos públicos em Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife, foi desarticulada pela Polícia Civil, nessa quinta-feira (16). O grupo teria fraudado um concurso para agentes de trânsito e transportes de Ipojuca, mas outras provas estão sendo investigadas. Segundo as investigações, o homem que liderava a quadrilha era Anderson Lima Ribeiro, servidor do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) que foi assassinado a tiros na última terça-feira, na Avenida Pan Nordestina, em Olinda.

O concurso da Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte do Ipojuca (AMTTRANS) foi realizado em 2014 pela Conupe, a comissão de concursos da Universidade de Pernambuco (UPE). "A suspeita surgiu quando foi verificado que os 19 primeiros colocados só erraram uma questão, a mesma pergunta, assinalando a mesma alternativa. Isso chamou a atenção", explicou a delegada da Decaspe, Patrícia Domingos. Dos aprovados, três são considerados analfabetos funcionais.
A vaga era comprada por R$ 20 mil, sendo R$ 2 mil antes da prova, o que garantia as respostas e a aprovação na segunda etapa do concurso, e o restante após tomar posse. Os agentes teriam que fazer empréstimos consignados no valor de R$ 18 mil para pagar aos fraudadores. A Prefeitura de Ipojuca informou que o concurso foi suspenso.
De acordo com a polícia, guardas particulares e dos municípios de Itapissuma e Recife faziam parte da quadrilha, que possuía um braço intelectual e um armado. O braço intelectual fazia as provas e saía mais cedo, passando o gabarito por um ponto eletrônico no ouvido dos candidatos. O responsável por praticar atos de violência era o eletricista Bruno Henrique de Senna, morador do bairro do Ibura, Zona Sul do Recife. Durante o curso de formação dos agentes de trânsito, os aprovados eram ameaçados pelo criminoso.
O comando do grupo era feito por Márcio Manoel Soares Gomes, preso na operação, e Anderson Lima Ribeiro, assassinado em Olinda. O segundo era responsável pelo elo da quadrilha com um outro grupo criminoso de fora do Estado. Anderson, que era técnico judiciário e ex-guarda municipal do Recife, também era responsável por repassar as respostas aos beneficiários do esquema através de ponto eletrônico. A morte dele está sendo investigada e ainda não é possível afirmar se existe relação entre os crimes.
Durante a operação foram apreendidos 3 revólveres, 2 pistolas calibre 380, munições, 3 pontos eletrônicos, 1 veículo, 18 celulares, além de diversas provas. Segundo a delegada da Decaspe, Patrícia Domingos e o diretor da Decaspe, Salustiano Albuquerque, também foram apreendidos R$ 12.900 em espécie.
De acordo com a assessoria de imprensa da Polícia Civil, ao todo, 132 policiais civis, entre delegados, agentes e escrivães participam da ação. "As investigações começaram há 2 meses e a participação do grupo em outros esquemas fraudulentos está sendo investigada", disse a delegada.  Foram expedidos 10 mandados de prisão e 12 de busca e apreensão no Recife e na Região Metropolitana, dentro da Operação Mercador. Desses, apenas um mandado não foi cumprido e Jefferson Faustino da Silva é considerado foragido.

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