terça-feira, 25 de março de 2014

CINQUENTA ANOS DEPOIS

Dr. Paulo Lima*
Quarta-feira passada, dia 19 deste mês de março, os grandes jornais de circulação de nosso País lembraram a realização da “Marcha da Família com Deus pela liberdade”, movimento que trouxe às ruas centenas de milhares de pessoas que, há cinquenta anos atrás foram às ruas das principais capitais do Brasil protestar contra a suposta ameaça comunista e que culminou com o golpe militar de 1964, que depôs o Presidente constitucionalista JOÃO GOULART e colocou o nosso País numa das mais duradouras e sangrentas ditaduras da América Latina. 
Hoje não temos nenhuma dúvida que este período de trevas, que sufocou a nossa democracia por mais de vinte e um anos, até a eleição de TANCREDO NEVES em 1985, causou-nos um mal irreversível, pois além de prender e torturar pessoas, muitas delas inocentes, da forma mais infame, inaceitável e cruel, ceifou centenas de vidas de cidadãos brasileiros, pois como costumamos dizer, só a morte é irreversível e irremediável. Engraçado que agora mesmo acabei de lembrar de uma canção, linda, imortalizada na voz maravilhosa da nossa grande GAL COSTA,  que diz: “Assim se passaram dez anos, sem eu ver teu rosto, sem olhar teus olhos, sem beijar teus lábios assim”... Ainda bem que cinquenta nos se passaram...
É claro que esta bela canção não tem nada a ver com o que estou escrevendo e, portanto, voltemos ao tema.
É que não obstante esse período de trevas em que o Brasil mergulhou, ainda se vê alguns saudosistas tentando ressuscitar esta marcha, como se realmente  a ditadura militar nos tivesse feito um bem. Graças a Deus, pelo que vimos ou nos foi noticiado, a manifestação, a exemplo da que ocorreu no Recife, não somou mais de meia dúzia de “gatos pingados”, saudosista imbecilizados que são, que, de forma patética tentaram agredir a realidade, tecendo loas aquele tenebroso período, cujos urros findaram por ser sufocados pelo grito silencioso da liberdade e da democracia. Ainda bem. 
Naquela época havia completado exatos sete anos de vida e lembro a minha professora, MARIA ENEDINA, na escola em que estudava em Vertentes, minha cidade, com um terço na mão, rezando e dando  vivas à revolução, que havia “salvo” o Brasil da ameaça comunista, vejam vocês! Revolução que nada!
Hoje não tenho mais nenhuma dúvida que este período ficou no passado e não mais se repetirá, apesar de ainda haver alguns “BOLSONAROS” e “FELICIANOS” da vida a propalarem, País a fora, uma doutrina nefasta, retrógada e discriminatória, que há muito restou sepultada, graças a Deus. Aliás, como foi dito pelo pensador KARL MARX: “A história se repete, a primeira vez como tragédia, e a segunda como farsa.”  
Mas é salutar, que, vez por outra ecoem estas vozes para que nunca esqueçamos que a democracia, por pior que seja, é sempre melhor que a melhor das ditaduras e, mais cedo ou mais tarde os “Bolsonaros” e os “Felicianos” da vida serão relegados à insignificância e ao esquecimento merecidos, ou seja, ao seu devido lugar.
Um abraço a todos.
*PAULO ROBERTO DE LIMA  é  graduado em Filosofia pela Universidade Católica, bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Recife e atualmente exerce o cargo de  Procurador  Federal. 

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