sábado, 26 de outubro de 2013

OPINIÃO: EU TAMBÉM VOU RECLAMAR! SERÁ?


*Por Roberto Celestino

 Diante dos últimos acontecimentos relacionados ao Ex Prefeito e atual vereador, o Sr. Jânio Arruda da Silva, me mantive calado, sem vontade nem necessidade de me manifestar sobre o assunto. Agora, porém, resolvi me manifestar, sem querer entrar no mérito da questão, pois não tenho competência para tal, nem tampouco me interessa o desfecho que se dará, (embora minha opinião sobre o assunto seja que em nada dará, como tantos outros processos políticos que já houveram e tantos outros que ainda haverão).

A razão que me incitou a falar sobre o assunto está além da torcida do Grupo do Ex Prefeito aqui citado, que torcem pela sua absolvição no processo que o acusam, como também da torcida de seus opositores que torcem pelo seu fracasso ao recorrer a outras instâncias, e que seja executada a pena já declarada.
Na verdade o que me chamou a atenção foi a defesa do Ex-prefeito quando citou que parte da quantia(pequena por sinal) fora usada para auxílio de um paciente que fazia tratamento de hemodiálise nas cidades de Carpina e de Recife. A princípio, algumas pessoas disseram ter ouvido do ex-prefeito que o paciente por ele citado tratava-se do Sr. Valdemar de Manoel Padre”, como era conhecido esse senhor que de fato fazia tratamento de hemodiálise na época.Hoje porém,(25/10/2013), tive a oportunidade de ouvir do próprio Sr. Jânio Arruda da Silva,quando em entrevista à Radio Taquaritinga FM, ele mencionou o nome do Sr. Valdemar como sendo beneficiário de parte desse dinheiro do qual ele (Jânio Arruda) é acusado de utilizar, indevidamente, em proveito alheio, a renda pública, crime capitulado no art. 1º, inc. I, do Decreto-Lei nº 201/67.
Permaneceria eu no meu sábio e confortável silêncio, se o nome da pessoa mencionada como beneficiário não fosse o Sr. Valdemar, que eu o conhecia muito bem, foi meu ex-sogro, e eu acompanhei de perto toda a trajetória da sua doença, pois eu o conhecia desde o tempo que era saudável até a sua morte.
Causa-me espanto ao ouvir do ex-prefeito o Sr. Jânio Arruda da Silva, a declaração que ajudava esse senhor, e o meu espanto não é sem motivo diante dos fatos que relato a seguir:

“Valdemar Leandro de Oliveira, ou simplesmente, Valdemar de Manoel Padre, muito conhecido na cidade por ser um excelente pedreiro e também cidadão de conduta exemplar. Aos 47 anos de idade foi acometido por complicações renais que o levaram ao tratamento de hemodiálise durante 06 anos até a sua morte que se deu em junho do ano 2000.
Ainda no início de sua doença, antes mesmo de iniciar as sessões de hemodiálise, ficou impossibilitado de trabalhar, o que levou muitas pessoas a o ajudarem no sustento de sua casa e até custeando medicamentos. Politicamente, Valdemar era eleitor fiel do grupo do ex-prefeito Jânio Arruda, no entanto, recebia a visita e ajuda das pessoas indiscriminadamente, pois era muito conhecido e querido por todos. O problema de saúde evoluiu, e houve a necessidade de dar início as sessões de hemodiálise no Hospital das Clínicas na cidade de Recife, onde vinha fazendo seu tratamento de saúde.Como naquela época ainda não era comum os casos que necessitavam de hemodiálise em nossa cidade, não existia um transporte exclusivo para tal, daí, os familiares procuraram a prefeitura para disponibilizar o transporte, onde conseguiram por duas vezes uma ambulância que vinha de Pão de Açúcar(esse fato foi relatado pela sua esposa Nina), pois alegavam que o município não teria transporte para atender a este caso.
O período que iniciou fazer hemodiálise, coincidiu com período eleitoral, uma triste coincidência que faria Valdemar amargar o sofrimento e humilhação pelo resto de sua vida. Em uma dessas campanhas pelo bairro Zamba, bem pouco habitado ainda, o grupo do ex-prefeito ao fazer um trabalho porta a porta, esteve na casa de Valdemar, embora esse não estivesse em casa, pelo fato daquele dia ser um dos que fazia sessão de hemodiálise, que dava-se três vezes por semana.Na ocasião, colaram fotos dos candidatos nas paredes da casa e prosseguiram seu trabalho.Ao chegarem em casa, perceberam as fotos e em conversa chegaram a seguinte conclusão:Embora sendo eleitores fiéis daquele grupo, estavam recebendo ajuda de muita gente inclusive do outro grupo político,tais como:Dr. Aldenir, Luiz do Sindicato,Lenivaldo, Zezé Arnóbio,entre tantos outros, então não seria sensato posicionar-se daquela maneira, afim de não demonstrar ingratidão a ninguém.Nina, esposa de Valdemar, pediu a seu genro que retirasse todas as fotos ali coladas,e este o fez de imediato.
A partir daí, deu-se por parte do grupo do então prefeito, uma perseguição que só aumentaria o sofrimento do pobre Valdemar. Não houve mais transporte para o conduzir a cidade do Recife(posteriormente o seu tratamento foi transferido para o Hospital das Clínicas na cidade de Carpina),chegou a viajar para fazer o tratamento no ônibus da empresa 1002, e a tardinha voltava de lotação.Para essa viagem acontecer, dependia da ajuda das pessoas que doavam dinheiro para completar a quantia necessária.Depois disso conseguiu viajar com um senhor de Vertentes conhecido por Careca, que fazia lotação no seu Toyota, e também por muito tempo com outro senhor conhecido por Noné, esse tinha uma D20 de lotação. Nesse período, conseguiu por parte do Ministério da Saúde a ajuda financeira necessária para custear as despesas com o tratamento, no entanto, receberia através da Prefeitura Municipal. Quando era avisada pelo pessoal de Limoeiro e de Bom Jardim que o dinheiro já estava disponível, a Sra. Nina se dirigia à Prefeitura para receber, e por muitas vezes a fizeram voltar de mãos vazias alegando que não havia dinheiro disponível, fato que era rapidamente negado pela Assistente Social que o acompanhava.Com esse dinheiro, pagavam carro três vezes por semana para realizar a viagem, mas com o tempo contraíram dívida com os motoristas que os conduziam, pois o valor não era suficiente para custear todas as despesas, sem contar com a atraso que dava-se em repassá-lo pela prefeitura. Voltemos ao transporte, onde o ex-prefeito alega ser acusado injustamente por ter ajudado a Valdemar.
Se endividando cada dia por não poder pagar ao transporte de lotação que os conduzia, passou a depender do favor das pessoas que tinham um veículo para o levarem para o seu tratamento, entre esses posso citar alguns (me perdoem os que não cito, pois não lembro de todos) que na medida do possível se mostraram dispostos a ajudarem:
Pr. Roberto Tavares, que quando não podia levá-los me emprestava o carro para que eu o fizesse. O Sr. Doda da padaria(hoje falecido) que cedia o carro para que eu o levasse ao tratamento, e muitas vezes me permitiu sair(na época eu trabalhava na sua padaria) para que o fizesse em outro carro.O seu irmão(de Doda) Rafael Marcelino que agia da mesma forma,Daniel do Restaurante Porta da Cidade de Santa Cruz do Capibaribe que mandava seu carro,Zezé Marques,Kaká de seu Zé Costa,Maurição, Dr. Aldenir e tantos outros.
Além desses nomes, há muitos outros que o ajudaram, que a Sra. Nina é eternamente grata.Aliás,quem quiser (muito)mais informações sobre o caso pode conversar com Nina, que lembra de tudo com precisão, tenho certeza que terá o maior prazer em compartilhar com quem desejar.
Não sei se a ajuda a que se refere o ex-prefeito foi uma última vez em que cedeu o carro para levar Valdemar á Carpina, onde na ocasião, enquanto o acomodávamos no veículo, o motorista permitiu um movimento brusco no veículo, onde quase causou a queda de Valdemar, trazendo desespero e gritaria aos presentes, fato que ainda hoje emociona e indigna que presenciou. Em junho de 2000, O Senhor chamou a Valdemar, acabando com o seu sofrimento da doença e da humilhação sofrida por aquele que hoje usa seu nome para defender-se.
Realmente não posso afirmar que o argumento usado pelo ex-prefeito em sua defesa seja totalmente falso, afinal, como fora aqui mencionado ele cedeu por duas ou três vezes por um período de 06 anos, o veículo para conduzir Valdemar ao tratamento de hemodiálise, no entanto, causa-me dúvida e espanto tal argumento, onde no meu direito compartilho minha dúvida com os demais: SERÁ?"

*Roberto Celestino é músico, cordelista e funcionário público municipal.

Um comentário:

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