terça-feira, 30 de março de 2010

Professor desabafa e se diz frustrado com governo, sindicato e deputados. A coisa tá braba

Professor desabafa e se diz frustrado com governo, sindicato e deputados. A coisa tá braba


Educaçao Humilhada

Não bastasse ostentar o título de pior salário do Brasil e índices de aprendizagem abaixo das médias nacionais, a educação no estado de Pernambuco recebe mais um golpe que a colocará ainda mais pra baixo em termos qualitativos. Submetidos a cargas horárias estafantes, em salas de aulas quentes e muitas vezes lotadas, os professores já não rendem o que deveria e esta situação tende a piorar. É que a auto-estima desses profissionais anda a nível de subsolo. É difícil conceber tantas humilhações a um profissional tão importante na construção de uma sociedade melhor. Mais humilhante ainda é ser usado, governos após gorvernos, em discursos demagogos, falsos. Todos falam em educação, mais e mais institutos são criados para melhorá-la. Mas quem está lá na ponta, convivendo com alunos, que muitas vezes são jogados pelos pais se é que os têm, e recebendo insultos e cobranças somos nós, professores. Fazemos, na maioria das vezes, a função de psicológos, assistentes sociais, pais, diante da carência e dificuldades de nossos alunos vitimados por uma sociedade injusta e excludente. Se o governo Eduardo nos pagasse na medida das cobranças que tem feito, certamente teríamos salários maiores do que muitas categorias. Na sua política de educação, que exige quase dedicação exclusiva do professor, o que vale é tirar leite de pedra. Aqui a máxima do princípio da sinergia funciona a todo vapor: tirar o máximo de resultado com o mínimo de investimento no profissional. No entanto, não adiante revitalizar as estruturas físicas das escolas tendo dentro delas profissionais sem ânimo.

Com um sindicato inerte, atrelado ao governo, a situação se agrava ainda mais. Sem defesa alguma na ALEPE, e já desmoralizada depois de tentativas sem sucesso nesse governo os professores minguam, murcham, cheios de mágoas em suas salas de aulas. A quem recorrer se sempre que houve movimento de greve esta sempre foi barrada pela (in)justiça? Em que esperança se apegar, se a lei do piso nacional é uma realidade as avessas, que achatou a carreira da docência e nivelou-a por baixo? A quem pedir ajuda, se diante desta calamidade nenhuma instituição de peso na sociedade nos expressa seu apoio.

Chega de mentiras, chega de esmolas... Não queremos notebooks super-faturados, nos quais mais ganhou a imagem do governo do que o nosso próprio benefício, não queremos mais bônus disso ou daquilo, mais usados como propagandas que só beneficiam a imagem deles. Queremos dignidade, o direito de execermos humanamente a profissão que abraçamos com tanta dedicação e amor.

Das mais de 1.000 escolas 103 vivenciam o regime integral. Nessas o professor recebe uma gratificação utilitária, que eleva seu salário em 200%. No entanto as cobranças e ameaças são ainda maiores e uma vez fora desse programa, seu salário retornará ao valor pífio que a maioria recebe. Mas a intenção do governo é justamente ter essas escolas para propagandear bons resultados e deixar a maioria no escuro, sem direito a educação de qualquer polegada de qualidade.

É hora de tirar a educação do fundo do poço. É incoerente se falar tanto da pujança da economia de Pernambuco e se pagar o professor pior salário do Brasil. É humilhante ver as outras categorias cada vez mais distantes de nós em termos salariais e ainda saber que 1 único fazendário recebe por mais de 20 professores.

A descrença nas instituições que dizem defender os direitos é total. Onde está o Ministério Público que tantas forças tarefas montou para fiscalizar nossas cadernetas de sala de aula? Nesse momento de tanta desesperança não conseguimos vislumbrar luz de nada. E isso acarretará num maior despretígio dessa carreira profissional, já tão desvalorizada, numa fuga de bons profissionais pra outras áreas e, principalmente, num futuro pior pra o estado de Pernambuco com mais violência e mais bandidos pra serem tratados pelas polícias e pela justiça.

Jadilson Miguel da Silva é professor da Rede Estadual de Ensino

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